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19/10/2016 - Jundiaí - SP

Jardim Botânico testa cultivo inédito da árvore Qualea jundiahy




da assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí

Depois de muitos anos de pesquisas, o Jardim Botânico de Jundiaí está realizando o cultivo da árvore que lembra a cidade em seu nome científico (Qualea jundiahy). Além de muito rara, essa espécie de pau-terra-da-mata tem crescimento muito lento e exige coleta de sementes com técnicas como rapel a 10 ou 20 metros de altura – e parte deles já pode ter sido dispersada com o vento.

Além de ocorrências anteriores na região do Corrupira, essa espécie de árvore foi identificada em manchas de vegetação nativa na região do Tulipas com exemplares na borda de área verde restante de loteamento recente, durante levantamento de 928 fragmentos naturais do município para a lei 8.683 (Plano Diretor) em 2015. Não há registros de sua presença na Serra do Japi, um dos motivos da importância de sua identificação no restante do município.

Uma das árvores na qual foram coletadas sementes tem idade estimada em mais de 50 anos. A identificação ocorre inicialmente de forma visual, com a “arquitetura” da copa, e depois mais de perto para identificar a folha (chamada de filotaxia) em seu formato, distribuição no ramo (alternadas, u concentradas na extremidade ou opostas, como nesse caso) e características dendrológicas (casca fina ou grossa e, nesse caso, lenticelado ou com minúsculos orifícios respiratórios). Por fim, as flores e frutos determinam a confirmação da espécie.

Com três especialistas e 25 técnicos ou auxiliares operacionais, o Jardim Botânico de Jundiaí é reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente e busca formar um acervo vivo ou resgatar espécies raras. Mas esse trabalho não substitui a conservação “in situ” (nos próprios lugares), porque uma árvore ou planta depende muito da comunidade de espécies, muitas vezes desde o fungo do solo até outros vegetais e animais polinizadores ou dispersores.

O cultivo também enfrenta desafios. De acordo com Harri Lorenzi, na obra “Árvores do Brasil” (que é referência do setor, como também o portal online “Flora do Estado de São Paulo”), o pau-terra-da-mata ouQualea jundiahy ocorre em florestas semideciduais em altitudes acima de 400 metros (ou seja, não se adapta a áreas encharcadas) e, principalmente, em matas primárias, mais conservadas. E resiste a pouco tempo de armazenamento.

A equipe do Jardim Botânico de Jundiaí precisou usar essas indicações para buscar, no dia 18 de agosto, nas raras árvores identificadas na região do vetor oeste, as escaladas em altura para buscar frutos em início de abertura, mas que ainda estivessem com as sementes. “Fizemos um substrato orgânico para as sementes usando um pouco de areia, pois não gostam de solo muito úmido”, explica o engenheiro florestal Thiago Pinto Pires.

Os cuidados dos técnicos envolvidos no viveiro do Jardim Botânico, coordenados por Renato Steck, visam a expectativa de sucesso das sementes vindas há 45 dias da região do Tulipas e de uma velocidade de crescimento maior do que uma muda isolada coletada há três anos na região do Corrupira, ainda com 80 centímetros. O tamanho adequado para o plantio urbano, por exemplo, é de 1,5 metro e, no caso dessa espécie, vai exigir no futuro um critério adequado de escolha do local.

Pelo lado histórico, uma das teorias sobre a origem desse nome é que Jundiaí, por ser um dos mais antigos municípios paulistas, foi passagem obrigatória para Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso e de grande parte dos naturalistas europeus nos séculos XVIII e XIX como Spix & Martius, Saint-Hillaire ou Langsdorff.

Além da confirmação da presença dessa rara espécie de árvore no município (e a única que leva seu nome na denominação científica de Qualea jundiahy), o trabalho ao mesmo tempo alerta para a importância da preservação das matas e campos remanescentes.



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