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16/4/2013 - Jundiaí - SP

O som da voz que pode dizer muita coisa




da assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí

Um simples “bom dia”, da maneira como é dito, revela muita coisa de quem fala para o ouvinte mais atento. A cordialidade pode deixar transparecer frustração, alegria, mau humor ou até mesmo um problema de saúde. Não é novidade que a voz costuma ser o espelho da alma humana, além de um ativo dos mais valiosos para muita gente que depende dela como meio profissional.

Um pequeno resfriado, por exemplo, é algo comum para muita gente. Não para Henrique Ferreira da Silva, o Rick Ferreira; qualquer mudança no conhecido timbre vocal pode ser um sinônimo de prejuízo no bolso.

Nascido e criado em Jundiaí, Rick é locutor profissional há mais de 25 anos. Falar com ele ao telefone não deixa de ser uma experiência inusitada. O profissional parece ter “engolido um ventríloquo”.

É capaz de falar a mesma frase em inúmeros timbres e impostações vocais. Estas interpretações já deram voz a milhares de comerciais, chamadas e vinhetas na televisão. Além disso, esse morador do Jardim Bizarro é a voz padrão da TV Record São Paulo há 14 anos. Seu timbre é conhecido do Oiapoque ao Chuí.

Para Rick, alguns cuidados são fundamentais, ainda mais para quem já gravou, em um único dia, 284 vinhetas. “O principal é manter uma boa higiene vocal. Isso significa não gritar, não fumar, fazer aquecimento antes de qualquer locução, desaquecer após o fim da jornada e evitar alimentos gordurosos, derivados de leite e chocolate. E, claro, manter a saúde em dia”, receita.

Mesmo assim, nem Rick escapou de um perrengue, ocorrido há 15 anos, que o fez silenciar por uns tempos. “Comecei a sentir uma irritação na garganta, um cansaço na voz. Percebi que meu rendimento estava caindo. Procurei um profissional (fonoaudiólogo) e foi detectado um pólito, que é um calo vocal.” Não teve jeito e o locutor precisou de uma cirurgia para reconquistar a voz de antes.

No Grito
Outro jundiaiense, seu Antônio Tarabal, 60 anos, tem uma rotina diária puxada. Pula da cama às 3 horas para não perder hora. Feirante há mais de 25 anos, Antônio vem de uma época em que os vendedores da feira conquistavam a clientela à base do grito. Hoje, o jundiaiense usa a voz, em média, 9 horas todos os dias durante o trabalho. “Converso muito com a clientela e com fornecedores”, conta. “Sem a voz, as vendas podem até cair”, assume.

“Já tive problemas com uma rouquidão prolongada. Precisei até procurar um médico”, explica o vendedor de frios. Para ele, o constante choque térmico pelo qual é submetido faz um mal danado à voz.

 

“Não grito mais para atrair a freguesia. Aqui em Jundiaí essa prática não é usada, a clientela não gosta. Já em São Paulo ainda funciona assim. Conheço feirantes de lá que, no fim do dia, vivem à custa de gargarejo para encarar o dia seguinte.”

Mariana Freire Oliveira Martin da Silva é fonoaudióloga há 16 anos. Há 12 atua no Cerest (Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador). Sua voz pode facilmente servir de modelo para outras pessoas: apresenta um timbre médio, suave, calmo. Desde 2008, conta a profissional, a instituição, em parceria com a Visat (Vigilância em Saúde do Trabalhador), desenvolve ações que alertam sobre os cuidados indispensáveis para o bom uso do gogó. “Naquele ano, ministramos algumas palestras com professores, pela incidência de nódulos vocais que a categoria apresenta.”

Mariana alerta que 70% da população economicamente ativa têm na voz a principal ferramenta de trabalho. Para que toda essa gente continue falando sem sustos, a profissional alerta para alguns passos simples:

Estar sempre hidratado, tomando de 2 a 3 litros de água todos os dias;
Não fumar e evitar bebidas alcoólicas;
Nunca gritar;
Evitar conversar em ambientes ruidosos.

“Também temos a ‘Oficina da Voz’, um projeto que visita os locais de trabalho, como salas de aula, escritórios, linhas de produção e identifica o que pode ser melhorado para diminuir a incidência de barulho.“ Sobre barulho, Mariana lembra que no próximo dia 24 (quarta) atividades de prevenção irão marcar o Dia Internacional da Conscientização do Ruído.

A Secretaria de Saúde dispõem de 5 fonoaudiólogos, que atendem no NIS (Núcleo Integrado de Saúde) e no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), após triagem e encaminhamento prévio dos clínicos gerais.

 16 de abril – Dia Mundial da Voz

Nesta data, criada no Brasil em 1999 pela Associação Brasileira de Laringologia e Voz, ações preventivas e orientação sobre os cuidados com a voz ganham eco por meio de paletras e distribuição de material.

A iniciativa deu tão certo que, hoje, já ocorre em outros países, como Portugal, Espanha, Estados Unidos e Suíça. O principal objetivo é combater o câncer de laringe, que, na maior parte dos casos, tem na rouquidão prolongada seu principal sintoma.



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