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22/7/2013 - Jundiaí - SP

Rebeldia de Réver teve de ser contida por Vagner Mancini, em Jundiaí




site Esporte Jundiaí

Com espírito de liderança e dedicação em campo, Réver conquistou a torcida e se tornou um dos maiores ídolos do atual time do Atlético-MG. Como capitão da equipe, ficará encarregado por erguer a Copa Libertadores da América em caso de virada sobre o Olimpia no jogo do Mineirão na próxima quarta-feira, responsabilidade bem diferente da apresentada nos tempos de Paulista de Jundiaí. No entanto, a personalidade do defensor era diferente no começo da carreira.
O ano de 2005 mudou a história da equipe do interior de São Paulo. A conquista da Copa do Brasil em campanha surpreendente projetou o clube no País e colocou jovens jogadores na vitrine do futebol. Entre eles estava um garoto rebelde, desleixado, mas que já impressionava a comissão técnica comandada pelo novato Vágner Mancini: Réver Humberto Alves Araújo, então com apenas 20 anos de idade.
A falta de experiência e os constantes atrasos para as reapresentações do elenco por pouco não podaram o crescimento de um dos zagueiros mais badalados do Brasil na atualidade. O talento demostrado pelo defensor, entretanto, não deixou Mancini desistir. O comandante do Galo da Japi insistiu e aproveitou o bom momento da dupla formada por Anderson e Dema para lançar Réver gradativamente entre os profissionais.
"Ele tinha que jogar no time. Eu e o Dema vivíamos uma fase muito boa, apelidados de 'Torres Gêmeas' pelo tamanho, pelo porte físico. O Mancini começou a colocá-lo de volante, aí ele ficava na frente da gente... em todos os aspectos (risos). Dava para ver que se tratava de um jogador de muita qualidade, muito acima dos demais, tinha o lado da confiança, da personalidade", relembrou Anderson, hoje no comando técnico do Mirassol, à Gazeta Esportiva.
A confiança em Réver era grande. Na campanha do título, o Paulista encarou apenas equipes da Série A do Campeonato Brasileiro, nada que impedisse Mancini de utilizar o jovem diante de clubes do porte de Botafogo, Internacional e Cruzeiro. Então chegou a grande final, contra o Fluminense. E lá estava Réver, titular no primeiro compromisso que terminou em vitória por 2 x 0 para o Galo no estádio Dr. Jayme Cintra e pronto para brilhar.
"Fui expulso na volta contra o Cruzeiro (derrota por 3 x 2 no Mineirão) e o Réver teve de jogar o primeiro jogo da final e tudo o que nós prevíamos aconteceu, todos sabem da qualidade dele", afirmou o capitão, responsável por despertar em Réver o espírito de liderança e erguer a Copa do Brasil, que relembrou os casos de indisciplina do ex-companheiro. "Algumas vezes éramos liberados e ele voltava depois de todo mundo. O Mancini foi fundamental na formação profissional e eu e o Dema dentro de campo, tanto que hoje ele é um líder no Atlético-MG. Ele colocou pra fora o que ensinamos".
Réver estreou na Libertadores em 2006 - Perto de erguer a taça da Libertadores como capitão do Atlético-MG, Réver sentiu o peso da competição internacional desde o começo da carreira. Em 2006, o zagueiro foi titular na campanha do Paulista, que acabou eliminado na fase de grupos depois de ter surpreendido o país ao vencer a Copa do Brasil. Apesar da queda precoce, o Galo novamente conseguiu fazer história.
No dia 5 de abril daquele ano, o Tricolor recebeu o gigante River Plate no Dr. Jayme Cintra lotado e venceu com autoridade por 2 a 1. O volante Amaral, hoje no Criciúma, abriu o placar com um golaço do meio da rua, surpreendendo o goleiro Lux, que apenas observou na sequência a grande jogada do colombiano Darío Muñoz pela direita. O ex-palmeirense cruzou na medida e o atacante Jaílson, que defenderia o Corinthians no ano seguinte, cabeceou com estilo para ampliar. Patiño diminui, mas não estragou a festa jundiaiense.
Atrapalhado pelo desmanche promovido pela diretoria, o Galo não conseguiu conquistar mais nenhuma vitória no grupo 8 da Libertadores, terminando na lanterna com seis pontos. O time de Vágner Mancini empatou em 0 a 0 e 1 a 1 com o El Nacional-EQU, ficou no 0 x 0 e perdeu por 1 a 0 para o Libertad-PAR e foi goleado pelo River por 4 x 1 na Argentina.
E Anderson não é o único a apontar Vágner Mancini como principal padrinho de Réver dentro do futebol. O volante Fábio Gomes integrou o elenco campeão em 2005 e viu de perto o empenho do treinador, atualmente no Atlético-PR, para colocar o zagueiro na linha, assumindo posição incontestável no time na disputa da Libertadores de 2006, quando o Paulista chegou a bater o River Plate por 2 a 1 na fase de grupos, antes da eliminação.
"Quem apostou muito foi o Mancini. O Réver faltava em treino, não era tão profissional como o Victor. O Mancini pegou, sentou e conversou com ele. Fez o Réver treinar um mês só de físico e só depois colocou a cabeça no lugar, deu sequencia e aí, meu irmão, ele está onde está hoje. Foi um papo de homem para homem. O Mancini brigou muito por ele, que era difícil fora de campo", relatou o marcador que atuou por Palmeiras e Sport e está de volta a Jundiaí.
Responsável por criar o goleiro Victor no Paulista, outro que pode ser campeão da Libertadores pelo Atlético-MG na próxima semana, o preparador Carlão Lima adota um discurso mais leve ao relembrar o início da carreira de Réver. Amigo dos jogadores, o membro da comissão técnica tricolor justificou os atrasos e os casos de indisciplina pela distância entre a Jundiaí e Ariranha, cidade natal do defensor.
"O Réver não era indisciplinado no trabalho. Era um menino que morava longe e se a reapresentação era na terça-feira, ele só chegava na quarta, na quinta, sempre com um motivo particular, nada de ruim. Não era um rebelde, era mais caso de desleixo mesmo. Mas aqui dentro treinava bem, se relacionava bem com todos", ressaltou Carlão, observando o gramado como se relembrasse a movimentação de Réver no Jayme Cintra.



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